Giuseppe Oristânio, 48 anos, é uma pessoa que não se ilude. Depois de 35 anos de carreira, e passar por praticamente todas as emissoras de televisão, o actor é taxativo e não vê nada de especial em sua profissão. No elenco de Luz do Sol, da Record, Giuseppe sabe de sua larga carreira e de seu espaço na tevê. "Me considero um mero trabalhador, sem glamour nenhum. Para ser actor de TV não é preciso muito, enquanto você puder olhar e falar, você está no mercado", minimiza. Com contrato na Record até 2010, o actor interpreta Freddy, o pai da protagonista Drica, vivida por Luma Costa, e compara muito do comportamento do personagem com o de sua própria vida: "Freddy age como todo homem agiria. Quando, por exemplo, acha que Drica não é sua filha ele estoura com ela. Xinga mesmo. Isso vem da origem dele, que é humilde", exemplifica o actor.

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Como surgiu este convite para vir para Record?
Anteriormente, já havia actuado em duas novelas da Ana Maria Moretzhson: Fera Ferida, da Globo, na qual ela era co-autora de Aguinaldo Silva, e em Serras Azuis, da Band, dela própria. Quando estava saindo do SBT, ela iniciava este trabalho. Aceitei na hora. Acredito que a emissora está com um projecto grande e logo isso será refletido em audiência. Isto é bom para todo mundo. A concorrência com a Globo só tem a beneficiar todos que trabalham no meio. Actores, escritores, jornalistas: é mais emprego para todos.

E, em sua opinião, como anda a condução da novela Luz do Sol?
Acredito que esta novela faz parte de um projecto muito grande. É claro que existem alguns erros no percurso. Você olha e vê que a luz não está muito boa, que poderia ter um outro cenário, que a actuação poderia ser diferente. Às vezes, se erra mesmo. Já ganhei nota zero pelo Freddy. Mas o caminho está certo. Não é parecido, por exemplo, com o SBT, que de repente decide fazer uma novela. Está se montando uma estrutura de qualidade e consistência para competir de igual com a Globo. Em uns dois anos, creio eu, isto estará acontecendo. E, sem falsa moral, me orgulho de participar deste projecto.

Na última década, seus dois personagens de mais destaque foram no papel de pai. Tanto com o professor Afonso, em Malhação, como agora, em Luz do Sol. É um tipo que o agrada?
Papel de pai eu entendo, pois tenho vários filhos. Mas é a grande verdade, não tenho mais 30 anos. Agora é minha vez de fazer pai. Em Malhação, acabei aparecendo na mídia por mais de três anos neste papel e isso me dá créditos para fazê-lo. Porém, ver que se completa 50 anos é triste. A juventude é humilhante. Vejo vídeos no YouTube da década de 80 e me sinto mal. Era bonito, malhado, meu olho brilhava. O que me contenta é a experiência hoje. Era muito prepotente na juventude.

A sua figura é ligada ao humor. O Freddy é um personagem que foge um pouco desta linha?
Sim, o Freddy tem muitos desvios de caráter. No começo, achei que poderia acrescentar algum humor nele, porém o papel foi ficando cada vez mais denso e a possibilidade de se aproximar desta veia humorística se extinguiu. Mas adoro personagens humorísticos. Faço-os muito no teatro. O Freddy é um personagem que raramente faço. Acho que tenho cara de bonzinho e geralmente faço "boas praças" engraçadinhos.

E existe algum papel que ainda gostaria de representar?
Gostaria de representar ainda no cinema brasileiro. Não tenho espaço neste meio. Não devo conhecer as pessoas certas. Mas, em especial, gostaria de representar personagem de teatro, que o Antônio Fagundes fez na década de 80: Cyrano de Bergerac. Acho que tenho a idade certa para fazê-lo, além do nariz apropriado.

fonte: Terra