Falta bom senso à Ana Maria Moretzsohn, autora de Luz do Sol, da Record. A novela está repleta de situações que beiram o inacreditável e extrapolam os limites de uma ficção convincente. Na intenção de criar uma história com boa dose de humor, apoiada em um elenco onde os actores jovens sempre têm mais destaque - marca de todas as suas novelas - a escritora erra no tom de alguns personagens e desperdiça outros bons profissionais que actuam em seu folhetim. Recentemente, a pequena Alice, da actriz Karize Brum, discutia com o avô Inácio, personagem de Luiz Carlos de Moraes, a melhor maneira de agir com o garoto que seria seu namoradinho. O homem ficou espantado com a abordagem da neta. E não era para menos. Por mais que as crianças estejam cada vez mais precoces, a situação combinaria mais com uma actriz adolescente, e não com uma garota que aparenta ainda brincar de boneca. Mas a "forçação de barra" não pára por aí. Verônica, de Paloma Duarte, de uma hora para a outra inventou uma irmã gêmea mineira - e se passou por ela - só para atrapalhar um encontro amoroso de Tom, personagem de Petrônio Gontijo. É risível não pela graça, mas pelo constrangimento causado pelo bizarro recurso dramatúrgico. Os dois actores estão bem na novela e não precisavam ser submetidos a isso para protagonizar bons momentos na trama. Luz do Sol também extrema na falta de originalidade. A trama tem uma espécie de Bebel - personagem de Camila Pitanga em Paraíso Tropical ¿, mas com uma performance que não chega aos pés da actriz global. Kayla, vivida por Andréa Leal, não é oficialmente uma prostituta, mas cumpre esse papel como amante de Freddy, interpretado por Giuseppe Oristânio. A moça, a exemplo da garota de programa da novela da Globo, não se expressa correcamente e comete verdadeiros assassinatos com a língua portuguesa. A composição exagerada, no entanto, estrangula a personagem, que está longe de ser convincente. Falta orientação à actriz. Com tantos escorregões e excessos, o que resta na novela da Record são boas actuações isoladas. Veteranos como Patrícia França e Leonardo Brício levam seus papéis com tranqüilidade e garantem cenas de qualidade. Mas não são os únicos. Ana Maria Moretzsohn conta com outros nomes como Eduardo Pires e Bruno Ferrari, numa demonstração que competência e juventude podem andar juntos. Os reforços de Juliana Silveira e Nathália Rodrigues, que entraram há menos tempo na história, também fazem toda diferença. Exageros à parte, a posição da Record é de acomodação. Luz do Sol não é um sucesso esplendoroso, mas também não é um fracasso. Mantém a média de 10 pontos de audiência que, para a emissora, é um resultado razoável. Além disso, o folhetim não deve chegar. Até porque parece que não há nenhum esforço nesse sentido. Nem da autora, que segue tropeçando, e muito menos da emissora, que coloca sua novela ingênua para competir com o prestigiado folhetim de Gilberto Braga, da Globo.
fonte: Terra
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